"Ô, Copacabana!" de João Antônio

3.2.14



"Acabaram-se as festas de final de ano, o feriadão e toda aquela agitação litorânea está bem longe de mim. Toda a gente que foi para a praia ou para sua respectiva terra natal, aos poucos retorna para a cidade, que até então completamente vazia, volta ao seu 'estado normal'. Eu como não tenho terra, sou bicho daqui mesmo, na minha terra fiquei".

Essa madrugada devorei "Ô, Copacabana!" do escritor João Antônio. As velhas desgraças noticiadas pelas retrospectivas de final de ano, e também as mais frescas, não fazem parte dos meus dias de Janeiro. Não quero saber dos jornais, muito menos da TV. Troquei tudo pela páginas que remontam a Copacabana dos anos 70, boca do lixo da classe média "decadentosa", como João Antônio narra de forma suja e romântica em suas páginas, que fez dar gosto de ler o livro numa sentada.

"Logo estou em estado zen total".

"Estou pererecando por aqui" (na gíria de João Antônio e da Copacabana dos anos 70 é o mesmo que 'sem grana') para maiores extravagâncias.

***

Trechos de "Ó, Copacabana!"...

O litro de leite sumiu do Rio, em seu lugar vieram os saquinhos plásticos, muito brancos, mais brancos a esta hora cinza, chumbo carregado, hora parada, neutra, a que os boêmios, os pederastas, os artistas da noite, as mulheres e seus cáftens, as curriolas da galeria chamam de rabo da manhã.

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Quem aposta no caos, acerta na mosca.

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A rapaziada não tem tempo de diversão fora da praia. E nem espaço. Amontoam-se, então nas calçadas, os ainda não atingidos pela idade e mágoa de encherem a caveira nos botequins.

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De porrada em porrada, acabamos virando colecionadores.


Bibliotecas do Brasil (bibliotecasdobrasil.com) de Daniele Carneiro e Juliano Rocha
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