Casa da Leitura Franco Giglio completa 5 anos fechada ao público em Curitiba

22.2.16

O dia 25 de janeiro de 2016 marcou o 5º ano de fechamento da Casa da Leitura Franco Giglio ao público. Há 5 anos uma notinha no site da Fundação Cultural de Curitiba informou que a biblioteca pública municipal 'permanecerá temporariamente fechada a partir desta terça-feira (25) para reformas'. Desde então a biblioteca já passou pela administração de 2 prefeitos nessas condições de abandono, de portas fechadas ao público e de indefinição sobre possíveis reformas e reabertura.

A realidade da biblioteca fotografada em 12 de dezembro de 2015 pelo blog Bibliotecas do Brasil, às vésperas de completar 5 anos de ostracismo e desamparo por parte dos órgãos que deveriam ser os mais interessados em não deixá-la chegar à esse ponto. As reformas nunca ocorreram.

Fotos: Daniele Carneiro - Bibliotecas do Brasil (Licença Creative Commons)

Uma biblioteca que poderia oferecer diariamente atividades de leitura, encontros com escritoras e escritores, contação de histórias e inúmeras atividades literárias e culturais, encontra-se pelo 5º ano consecutivo de portas fechadas, sem manutenção e deteriorando-se cada vez mais. O mato já cobriu a escada da entrada da biblioteca. Acompanhamos a deterioração da Casa da Leitura desde abril de 2014 quando publicamos o post Casa da Leitura Franco Giglio está abandonada em Curitiba.


A calçada ao lado esquerdo da biblioteca na Rua José Domakoski foi coberta pelo mato, e os pedestres que precisam chegar ao ponto de ônibus mais próximo precisam desviar do mato e se arriscar pela rua, onde motoristas imprudentes passam em alta velocidade, sem dar a menor importância à vida de quem precisa caminhar pela rua estreita e com pouca visibilidade.


Como mencionamos na newsletter Bibliotecas do Brasil Inbox #14 há 1 ano e 7 meses, no texto 'Bibliotecas em Desencanto' sobre a situação da Biblioteca da Casa Kozák e também da Biblioteca Franco Giglio, devemos sempre prestar atenção no valor positivo das bibliotecas presentes em nossos bairros e cidades, opinar e questionar os órgãos gestores, principalmente quando as bibliotecas não são atuantes, ou estão desativadas, pois através delas é possível modelar uma mentalidade e determinar uma sensibilidade na comunidade de leitores. Como será possível fortalecer as bibliotecas se não é possível tê-las funcionando plenamente, para que as pessoas desenvolvam o costume de utilizá-las e se habituem a fazer um uso comum delas?


Negligência com propriedade pública

As calçadas ao redor da Casa da Leitura Franco Giglio foram obstruídas pelo mato alto, viraram depósito para resíduos de limpezas em quintais e de lixo comum, servem como estacionamento para carros, e estão completamente impedidas para uso das pessoas que precisam caminhar em seu entorno. A falta de manutenção em que a biblioteca se encontra, virou motivo para que pessoas negligentes que não se importam com a limpeza e conservação da cidade despejem seu lixo e seus detritos no entorno da casa.

A biblioteca pode ter um papel determinante em uma região, elas podem ser o núcleo vital de um bairro ou de uma comunidade se seus projetos são empreendidos, e se através delas os indivíduos conseguem ter suas vidas desenvolvidas, ampliadas e seus conhecimentos aprofundados. Mas de portas fechadas, sofrendo com a deterioração e com o descaso, com a falta de manutenção e de cuidado e por fim, privadas de sua função, apenas refletem a mentalidade dos responsáveis por elas.

Cenas tristes se repetem há 5 anos: o terreno baldio abandonado, a falta de corte do mato e de manutenção da casa, a falta de vontade daqueles que deveriam ser os mais interessados em preservá-la e melhorar o aspecto geral dela antes que seja perdida.
O site da prefeitura de Curitiba há 5 anos tem a informação errada de que a biblioteca continua em plena atividade de segunda a sexta-feira, das 09h às 12h e das 14h às 18h.


Retrospectiva do abandono

Relembre o post: Bibliotecas estão abandonadas há 4 anos em CuritibaHá exatamente 1 ano os Caçadores de Notícias publicaram uma matéria 'Entregue às traças' em que o dono da panificadora que fica ao lado da biblioteca reclamava sobre a falta de corte do mato. Um ano depois a situação está pior. Anteriormente os Caçadores de Notícia fizeram um vídeo que está na matéria Casa sem leitura.


Biblioteca com árvores e quintal

São 3 árvores que ficam na parte de fora da grade que cerca a biblioteca, sendo uma delas uma araucária que está localizada nas esquinas das ruas Jerônimo Durski e José Domakoski no bairro Campina do Siqueira. Dentro do terreno há várias outras árvores, inclusive araucárias que são símbolos históricos da região e dão à biblioteca sombra, proteção e um ar campestre, um dos últimos vislumbres de uma Curitiba que aos poucos está sendo apagada.


Espaço lateral da biblioteca onde os pedestres circulam além de lixo acumulado é bloqueado por motoristas que utilizam como estacionamento. Imagem: Google Street View.


O mato alto agrava o risco de batidas e atropelamentos, dificulta a passagem de quem precisa se locomover à pé e gera insegurança. A última vez que a prefeitura de Curitiba se manifestou sobre a Casa da Leitura Franco Giglio foi em fevereiro de 2014, há 2 anos completos, informando que 'trabalha em uma solução para que as reformas da Casa da Leitura Franco Giglio possam ser incluídas no orçamento de 2015 e que o espaço volte a atender a população já no próximo ano'.


Texto: Daniele Carneiro
Arte: Juliano Rocha
Fotos: Daniele Carneiro e Juliano Rocha - Bibliotecas do Brasil (Creative Commons)


  • Confira outras matérias sobre bibliotecas abandonadas, destruídas, esquecidas, incendiadas e mal preservadas no mural de Recados Solidários do blog Bibliotecas do Brasil.
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