O poder dos poemas na sala de espera

3.4.13


Muito interessante o artigo "The Power of Poems in the Waiting Room", sobre Michael Lee, que teve a ideia de começar a distribuir folhetos com poemas nas salas de espera do serviço nacional de saúde britânico (referente ao SUS - Sistema Único de Saúde no Brasil), em 1996, usando seu próprio dinheiro, com o objetivo de melhorar o bem-estar dos pacientes que aguardam por consultas médicas em salas de espera. A ideia é transformar os apreensivos minutos que antecedem uma consulta médica em momentos relaxantes, de meditação, onde os pacientes possam despertar sentimentos positivos de segurança, aceitação, amizade, amor e cura através da leitura de poemas.

De acordo com uma pesquisa, os pacientes passam uma média de 21 minutos esperando para serem atendidas por um o médico nos Estados Unidos. Mas a maioria das pessoas pode contar histórias sobre a espera pela consulta durar uma hora ou mais, mesmo tendo hora marcada. Pessoas em uma sala de espera encontram-se em um momento frágil, oscilam entre a esperança e a depressão, e os poemas podem ajudá-las a despertar emoções positivas e de cura. Mais que uma preocupação, o estado de espírito em que os pacientes se encontram na sala de espera é algo entre a esperança de uma cura,  sentir tristeza ou até mesmo depressão - de acordo com a personalidade e o tipo de doença.


Por que não usar este tempo precioso para despertar esperança e emoções positivas, que por sua vez podem iniciar o processo de cura? Normalmente em consultórios, hospitais e clínicas médicas, os pacientes encontram uma variedade das principais revistas antigas e atuais e jornais disponíveis para ler enquanto esperam, mas esse material de leitura não faz nada para colaborar com a cura.

Aqui no Brasil quando entramos em uma sala de espera, encontramos muitas revistas sobre novelas, sobre fofocas de celebridades, revistas semanais muito antigas e já bem desgastadas de tanto serem folheadas. Tem também aqueles consultórios onde só há revistas técnicas sobre a área de atuação do médico em que o paciente está se consultando, e catálogos de produtos médicos ou de remédios. Nada interessante e em muitos casos são leituras deprimentes.


Mas poemas têm o poder de evocar imagens positivas e emoções. Os pacientes, médicos e funcionários do serviço nacional de saúde britânico (National Health Service) apreciaram muito a iniciativa que acabou virando um projeto, o Poems In The Waiting Room, onde os poemas são cuidadosamente selecionados em termos de imagens e de emoções que podem gerar. Eles são impressos em um cartão A4 triplo dobrado e impresso em ambos os lados, e exibem obras de mestres antigos, como Edward Lear e poetas contemporâneos como Frances White. Cada edição tem cerca de sete poemas. Os pacientes são incentivados a levar para casa os panfletos (clique aqui e veja um deles em PDF).

A demanda cresceu substancialmente. Hoje em dia, o projeto Poems In The Waiting Room distribui mais de 30 mil folhetos por trimestre gratuitamente em hospitais em todo o Reino Unido. A iniciativa recebe doações pequenas de muitos pacientes, simpatizantes do projeto, e através de doações de instituições de caridade.  No site do projeto também é possível enviar poemas para que sejam publicados nos panfletos.

Fotos: 1. Juliano Rocha, 2. TFEL, 3. Stewf

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1 comments

  1. Certa vez eu estive em uma clínica oftálmica que tinha livros disponíveis na mesa da atendente. Achei a ideia maravilhosa.

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