As bibliotecas do lado de cá de Curitiba

30.1.13

Livros Livres no Hauer

O bairro Hauer entrou na rota da livre circulação de livros em Curitiba. Na matéria publicada no site Paraná Online, conhecemos o projeto de incentivo à leitura em desenvolvimento pelos comerciantes da região do Hauer numa parceria com o Sesi. Em uma loja de doces (a Já Doces - Av. Marechal Floriano Peixoto, nº 5537 - Fone: (41) 3277-2383), o comerciante José Maria Augustinho instalou uma pequena prateleira onde disponibiliza livros para as pessoas que estão visitando a loja, ou simplesmente passando por ali. Nas palavras de José Maria: "Muitos passam na calçada e perguntam se podem pegar o livro. Alguns vêm aqui apenas para isto. Não fazia ideia como isto era importante". A biblioteca comunitária do Hauer aceita doações de livros e gibis.




Casas da Leitura no Boqueirão, Uberaba, Guabirotuba e Jardim das Américas

As bibliotecas para a população que mora mais afastada do centro do Centro de Curitiba são poucas, necessárias, e precisam ser melhor divulgadas e com programações mais atuantes em engajar o público, para que os moradores dos bairros tomem conhecimento delas e possam usufruir desses espaços de cultura. O maior problema em regiões como o Boqueirão e o Uberaba, é que são bairros imensos, populosos, e a proporção de bibliotecas para o número de moradores é muito pequena, e nenhuma delas funciona nos finais de semana, o que é um grave problema, diferente de bibliotecas públicas em bairros mais centrais. No Boqueirão por exemplo, existe a Casa da Leitura Wilson Martins na Rua da Cidadania do Carmo. "Uma" biblioteca pública em um bairro com uma população de 197.346 habitantes (IBGE-censo 2010) e que não abre nos finais de semana, quando as pessoas que trabalham durante toda a semana teriam mais tempo hábil para conhecer e utilizar o local.

Nossa experiência na Casa da Leitura Wilson Martins: a atendente fica em um balcão de atendimento posicionada de costas para a porta, com os olhos colados em um computador, o que é um erro grosseiro de atendimento, principalmente para quem chega precisando de informações sobre acervo, confecção da carteirinha, localização de livros, etc. Ficamos 20 minutos dentro da biblioteca, olhamos todo o andar de baixo e o andar de cima, e a atendente em nenhum momento tirou os olhos do computador. Haviam 2 adolescentes no andar de baixo, e um menino estudando no andar de cima, um local bastante tranquilo, apesar do barulho extremo do trânsito ao redor. Quando enfim perguntamos sobre a utilização do guarda-volumes (não havia nenhum cartaz informando sobre o uso) a pessoa nos atendeu com uma má-vontade enorme, como se estivéssemos interrompendo um assunto pessoal dela, e como se ela estivesse ali para nos fazer um grande favor. Atendimento péssimo, o que é uma lástima, visto que o local tem livros muito bons, e tem espaço para quem deseja ler e estudar. Ninguém entra em uma biblioteca para ser maltratado desse jeito, mas é a realidade de muitas Casas da Leitura, e isso demonstra o quanto faz falta a presença de bibliotecárias e bibliotecários nesses locais, e principalmente, de atendentes capacitados para atender o público.
A biblioteca fica na Rua da Cidadania do Carmo, um terminal de ônibus na Av. Marechal Floriano, com trânsito bastante pesado. Não há nenhuma proteção contra poluição sonora na biblioteca, então barulho de ônibus, carros, motos e caminhões dentro do local é bastante intenso, a leitura precisa acompanhar fones de ouvido ou protetor auricular.

Casa da Leitura Wilson Martins localizada dentro da Rua da Cidadania do Carmo, é a biblioteca pública do Boqueirão, um bairro de quase 200 mil pessoas. (foto: FCC)

Durante a semana é impossível conseguir uma vaga no estacionamento da Rua da Cidadania do Carmo, porque existe um fluxo enorme de pessoas que usam os serviços da rua, que é cortada pelo terminal de ônibus do Carmo, e também pelas pessoas que frequentam as igrejas e o comércio do entorno, além dos funcionários, e outras pessoas que fazem uso do estacionamento. É bem mais fácil ir à pé (se for morador das proximidades) de ônibus ou de bicicleta (ficamos devendo a informação se existe bicicletário por lá). As Casas da Leitura mantém mensalmente uma programação de rodas de leitura para adultos e público infantil, ciclos de leitura e contação de histórias bem pouco divulgadas (informações no site da FCC na Agenda de Literatura ou através do telefone - ver serviço).

No Uberaba havia uma biblioteca pública, a Biblioteca da Casa Kozák. Mas ela foi fechada para reformas em 1º de Setembro de 2011 e nunca mais abriu. A casa onde viveu o cineasta e etnólogo Vladimir Kozák continha um grande acervo da Fundação Cultural de Curitiba, que segundo funcionários, foi retirado de seu interior, e as atividades que aconteciam na biblioteca foram "remanejadas temporariamente para as Casas da Leitura Nair de Macedo (Guabirotuba) e Hilda Hilst (Jardim das Américas)".

Soubemos através de alguns contatos de funcionários que trabalhavam lá e nos atendiam durante o período que usamos a biblioteca, que a Casa Kozák foi fechada porque os cupins estavam dominando tudo, uma caixa d'água estava comprometendo a principal viga da casa, e que a propriedade atualmente é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Educação (SEED).
Nessa matéria no site da PMC, dizem que "a casa com os móveis, objetos, filmes e outros registros deixados por Kozák foi incorporada ao acervo do Museu Paranaense, gerenciado pela Secretaria de Estado da Cultura". Só não sabemos se retiraram também o Jipe antigo que pertenceu ao Kozák, e que havia virado criatório de mosquitos com água parada acumulada, todo enferrujado, sem nenhuma cobertura, uma parte do patrimônio paranaense apodrecendo à céu aberto.

Casa Kozák - biblioteca fechada desde 2011 e sem previsão para reforma no bairro Uberaba 

No bairro Guabirotuba fica a Casa da Leitura Nair de Macedo. Frequentamos e gostamos do local (apesar do atendimento instável). A Biblioteca Nair de Macedo tem um excelente acervo, e é possível estacionar em frente à biblioteca, sem precisar pagar nada para os cuidadores de carros (flanelinhas) como acontece por exemplo, no estacionamento do Portão Cultural (onde fica a Casa da Leitura Wilson Bueno). Em frente à biblioteca existe uma grande praça arborizada, onde tem uma cancha de futebol de areia. 

O que deixa a desejar no espaço: as poltronas são todas do mesmo tamanho (pequenas) e já estão com os assentos desgastados (quando o leitor senta na poltrona, sente o assento afundar e em poucos minutos as costas começam a doer). Tanto as cadeiras quanto as poltronas são para pessoas magras e pequenas. Não é levado em consideração se uma pessoa mais alta, idosa ou pessoas gordas precisarem utilizar o espaço.
— A biblioteca é escura e impossibilita a leitura em seu interior. Chegamos a mencionar para um atendente sobre essa situação (ele nos viu puxando as poltronas para mais perto da porta para conseguirmos ter claridade para ler, e nos disse que deveríamos protocolar uma reclamação na Central 156 da prefeitura. Abrimos um protocolo na Central 156 informando (e pedindo) para que fossem reforçadas ou modificadas as lâmpadas do local para que iluminassem de forma mais adequada para leitura, mas a resposta da prefeitura que nos foi dada é que do jeito que está, eles consideram correto (demonstrando que nunca tentaram ler durante um tempo mais prolongado na biblioteca). Alegaram que existem janelões na biblioteca que ajudam a iluminá-la com a luz natural. Mas em dias nublados e chuvosos como é bem comum em Curitiba, a biblioteca fica escura no interior. Essa resistência em dar atenção aos pedidos de melhorias para a biblioteca, e observações feitas pela comunidade, que visam melhorar a estrutura e a funcionalidade do espaço, demonstra uma falta de visão em enxergar as possibilidades do local, é uma falha de gerenciamento do espaço e principalmente de interesse em torná-lo um local de excelência no atendimento.
— Não há bibliotecária e nem bibliotecário no local, é feito um rodízio de estagiários, e o atendimento varia muito: em alguns dias o atendimento é ótimo, e em outros o atendimento é péssimo ou indiferente.



(foto: Daniele Carneiro)


Casa da Leitura Nair de Macedo (Google Street View)

E a Casa da Leitura Hilda Hilst no bairro Jardim das Américas, outra biblioteca disponível para aqueles que moram nos bairros mais próximos.

Nossa experiência no local: Já fomos muito bem atendidos e já fomos pessimamente atendidos. A biblioteca parece ter vida, pois sempre encontramos mães e crianças utilizando o espaço, emprestando os livros, ou brincando no local.

(foto: Google Street View)

No Jardim das Américas também tem a Biblioteca Ice Book, que faz empréstimo livre de livros no Restaurante Curitiba Light.

Endereços:

Casa da Leitura Wilson Martins - Endereço: Av. Marechal Floriano Peixoto, 8430, Rua da Cidadania - Boqueirão. Contato: (41) 3313-5512- email: clwilsonmartins@fcc.curitiba.pr.gov.br

Casa da Leitura Nair de Macedo - Endereço: Rua da Capitania, 57 - Guabirotuba. Contato: (41) 3296-3312 - email: clnairmacedo@fcc.curitiba.pr.gov.br

Casa da Leitura Hilda Hilst - Endereço: Rua Rodolfo Senff, 223 - Jardim das Américas. Contato: (41) 3361-2303 - email: clhildahilst@fcc.curitiba.pr.gov.br

Casa Kozák - (fechada para reforma) - Rua Padre Julio Saavedra, 588 - Uberaba.

Obs.: Nenhuma dessas Casas da Leitura abrem aos sábados e domingos.


Distância entre as bibliotecas segundo o Google Maps - para aqueles que frequentavam a Casa Kozák e agora precisam se deslocar para outras bibliotecas.

Entre a Casa Kozák e a Casa da Leitura Nair de Macedo: 2,2 km - 27 minutos à pé.
Entre a Casa Kozák e a Casa da Leitura Hilda Hilst: 3,6 Km - 45 minutos à pé.

Leia mais:

Texto e foto: Daniele Carneiro
Bibliotecas do Brasil
contato@bibliotecasdobrasil.com

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