Marc Almond e Dave Ball falam sobre The Art of Falling Apart, álbum gótico do Soft Cell que ganha edição super deluxe no Halloween 2025
4.9.25The Art of Falling Apart, o álbum gótico e de aura experimental do Soft Cell, vai ganhar uma edição super deluxe no Halloween de 2025. No dia 31/08/2025, escrevi aqui no Blog Bibliotecas do Brasil sobre o anúncio oficial do Soft Cell sobre esse relançamento. E agora, no dia 04/09/2025, o Soft Cell publicou em seus perfis oficiais no Facebook e Instagram novas informações e relatos de Dave Ball e Marc Almond sobre o disco, em que revelam curiosidades e seus processos criativos.
Dave Ball comenta:
O single ‘The Art of Falling Apart’ teve origem no estúdio de belas artes do Leeds Polytechnic, como era chamado na época. Nós escrevemos e gravamos a faixa ao mesmo tempo que a música ‘Martin’. Depois que saímos da escola de arte, toda a loucura pop do Soft Cell começou, e essas duas faixas foram engavetadas. De repente, a Phonogram Records estava pedindo um segundo álbum. Estávamos inseguros quanto à direção ou conceito, então lembrei o Marc dessas duas faixas da época da escola de arte. Sugeri a ele que ‘The Art of Falling Apart’ seria um ótimo título de álbum, e ele concordou…
Marc Almond comenta:
The Art of Falling Apart foi uma declaração: dois ex-estudantes de arte assumindo o controle de nós mesmos e da nossa música e, no processo, cometendo suicídio comercial. Não colocamos um dos nossos maiores sucessos, Torch, no disco, de tão teimosos que éramos. Suponho que estivéssemos nos desintegrando como dupla musical e, de muitas maneiras, nos desintegrando como pessoas. Ainda assim, de alguma forma, conseguimos manter tudo em pé durante o processo de gravação.
Marc Almond e Dave Ball do Soft Cell
Nós nos afastamos conscientemente da fórmula pop simples que esperavam de nós, em direção a um mundo mais sombrio e influenciado por trilhas sonoras de “film noir”: as influências cinematográficas de John Barry vindas do Dave aparecendo mais do que sua veia de Northern Soul. A melancolia de Baby Doll (um clube de strip decadente em Nova York) e de Numbers (inspirada em um livro de John Rechy), o drama inspirado em Tennessee Williams em Heat, a referência a Burton e Taylor em Loving You Hating Me (a partir de Quem Tem Medo de Virginia Woolf?). Forever the Same narrava a monotonia cotidiana de um operário de fábrica, Where the Heart Is retratava uma família disfuncional, até chegar na dona de casa entediada e suas fantasias sexuais em Kitchen Sink Drama, baseada nos filmes realistas em preto e branco dos anos 60. A faixa Martin foi originalmente uma demo dos nossos primeiros dias em Leeds, e é uma homenagem a George Romero e ao seu filme sobre alienação: um adolescente assassino com fantasias de vampiro sexual – ele é um psicopata ou um vampiro de verdade?
O medley de Jimi Hendrix foi uma jam de estúdio depois de uma noite sob o efeito de ácido purple haze na Danceteria de Nova York, quando tivemos a ideia maluca de uma banda de synth fazer um medley de músicas totalmente baseadas em guitarra, de um dos guitarristas mais célebres de todos os tempos. Engole essa, Phonogram! E, claro, a própria faixa-título fala sobre deterioração física e mental, nada de hinos à alegria ou positividade.
A produção continua ótima e de alta qualidade, mas preserva a aspereza pós-punk do Soft Cell — uma mistura dos sons analógicos do Korg do Dave e da obsessão de Mike Thorne pelo Synclavier, que na época era um setup de sintetizador de última geração, criando o contraste entre a sujeira e um calor frio. Nosso produtor Mike Thorne detestava o álbum e o achava deprimente, segundo ele, estávamos matando a galinha dos ovos de ouro (já que nossa veia pop comercial com ele havia conquistado sucesso global). Em certo sentido, talvez ele tivesse razão, mas sentimos que precisávamos deixar um legado duradouro, sair do mercado de singles e ressurgir como uma banda de álbuns. Porém, naquela altura, já estávamos tão desmoralizados que isso não duraria além de mais um disco.
Embora o álbum tenha começado no norte da Inglaterra (com suas demos iniciais), ele se tornaria um disco americano. Gravado em 1982 no Media Sound Studio de Nova York (ironicamente o mesmo lugar onde Jimi Hendrix gravou Electric Ladyland e onde o T.Rex gravou Electric Warrior), acredito que ainda se sustenta como uma obra de arte: uma banda pop em autodestruição. Respeito esse trabalho, admiro e tenho orgulho de termos feito, mas ainda acho difícil amá-lo. — Marc Almond
The Art of Falling Apart 2025
Chegando finalmente neste Halloween, sexta-feira, 31 de outubro!
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