As bibliotecas na era do faça você mesmo

3.4.16

Impressora 3D
Existe um movimento que começou nos Estados Unidos chamado maker culture (algo como "movimento dos que fazem"), que consiste em as pessoas terem uma alternativa à produção em massa de todos os elementos de suas vidas. A ideia é aprender talentos manuais que eram mais comuns antes do século XX, como saber construir, montar ou criar coisas com as próprias mãos.

Impressoras 3D à mostra na biblioteca de Libbie Mill (Virginia/EUA)
Porém não é um movimento que se apega a uma noção nostálgica de que antes tudo era melhor, utiliza-se a tecnologia para se criar e empreender, como aprender a codificar, criar um computador por conta própria e programar do zero um robô feito de Lego. As finalidades do fazer por conta própria são incontáveis, indo da edição de vídeos e músicas até a costura de um casaco. Mas nem todo mundo possui um lugar onde possa criar, um local seguro, iluminado no qual exista acesso à informação e às ferramentas necessárias para a criação manual e intelectual.

Arduinos que permitem criar de carros de controle remoto à robôs por conta própria
Nesse momento entram as bibliotecas, as bibliotecárias e bibliotecários perceberam que elas podem ser um local de criação, os chamados makerspaces. As bibliotecas devem ser locais em constante evolução que se adaptam às tecnologias de informação e guiam as pessoas nesse mundo de constante criação e difusão de informações novas. As bibliotecas e quem trabalha nelas possuem como missão ser o farol no meio do nevoeiro do excesso de informação.
Diversas bibliotecas nos EUA já passaram a assumir esse papel ao oferecer um espaço onde as pessoas podem se dedicar à criação intelectual e manual e deixam disponíveis as ferramentas e a tecnologia necessárias para o desenvolvimento pessoal. Um bom exemplo são as bibliotecas que oferecem impressoras 3D para seus usuários tornarem seus projetos digitais em realidade. Outras bibliotecas já foram mais longe e oferecem o empréstimo de ferramentas, instrumentos musicais, telescópios e de aparelhos que permitem o acesso à internet mesmo fora da biblioteca.

Makerspace na biblioteca da Faculdade de San Mateo (Califórnia/EUA)
Vivemos em uma época em que boa parte de nossas vidas ocorre no mundo digital e consumimos objetos e alimentos que em boa parte são produzidos em massa e são padronizados. As pessoas que decidiram trazer um pouco mais de humanidade às suas vidas e querem sentir o prazer de possuir ou fazer algo único por conta própria, nem sempre possuem um local silencioso ou com espaço e tecnologia suficientes para desenvolver suas habilidades manuais. E como muitas bibliotecas públicas e privadas possuem espaços ociosos e com a vontade de seus administradores estão abertas às novas funções que uma biblioteca pode oferecer para quem às frequenta, colocam-se como o lugar ideal onde essas pessoas que são criadoras manuais podem colocar a mão na massa.

Criação de livros cartoneros da editora Magnolia Cartonera
Espero muito que mais bibliotecas brasileiras e ar redor do mundo vejam essas iniciativas como um caminho a ser seguido, que possuam administradores e vontade política para conseguirem os investimentos necessários para tornar essa ideia em realidade. As bibliotecas sempre foram um local onde as pessoas podem ir para buscar um aprimoramento, e em pleno século XXI elas podem extrapolar a função de oferecer conhecimento como também proporcionar as ferramentas para a aplicação prática das informações que compartilha com todos.

Bibliotecas Mudam o Mundo


'Bibliotecas Mudam o Mundo' é o novo livro da Magnolia Cartonera. Suas páginas trazem exemplos inovadores e também ações simples de bibliotecas capazes de causar impacto social positivo em suas comunidades. O livro é dividido em 5 temas: Diversidade LGBTQ nas bibliotecas, Bibliotecas como Refúgio, Acolhimento, Desenvolvimento Humano, Movimento Maker + 2 textos extras, sendo um deles o texto "Bibliotecas contra o Ódio".
Ao entramos em contato e partilharmos esses exemplos inspiradores de bibliotecas que estão fazendo inovações desde as mais simples até as mais arrojadas para atender da melhor forma possível todos os públicos, incentivamos muitas outras bibliotecas, projetos de incentivo à leitura, ações de partilha de livros e centros culturais a valorizar seus espaços e buscar o aperfeiçoamentos de ideias e de ações.
Conheça o livro.


Fotos: 1- Creative Tools | 2- Rifleman 82 | 3- Silvia Potenza | 4- CSM Library | 5- Juliano Rocha
Texto de Juliano Rocha - Creative Commons


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