Shakespeare & Co. serve de refúgio a ataques terroristas em Paris

16.11.15


Já mostramos aqui no blog Bibliotecas do Brasil a Biblioteca Pública Municipal de Ferguson no Missouri, que em 2014 se tornou um oásis de tranquilidade entre repreensões violentas por parte da polícia contra os protestos após um júri decidir não indiciar – e mais para frente também não julgar – Darren Wilson, um policial branco que atirou e matou Michael Brown, um jovem negro e desarmado.


Em abril desse ano, repreensões violentas contra manifestantes em Baltimore tomaram conta das ruas. As pessoas protestavam contra o assassinato de Freddie Gray em custódia da polícia. As ruas foram tomadas por carros queimados, lojas saqueadas e bombas de efeito moral. Mas a biblioteca local ficou de portas abertas, onde as pessoas podiam descansar, acessar a internet e se abrigar da violência que assolava as ruas. A Enoch Pratt Free Library junto com a Biblioteca Pública Municipal de Ferguson tornaram-se símbolos de resiliência ao invés de fecharem suas portas ao público.


A autora Harriet Alida que está numa residência de escritores na Shakespeare and Co., livraria histórica de Paris que é famosa ao longo de décadas por abrigar escritores para que eles possam desenvolver seus escritos, contou que ela e 20 clientes da livraria passaram a noite escondidos dentro do local em segurança, durante os ataques terroristas orquestrados à cidade no último dia 13/11. Esse foi o relato dela sobre aquela noite:
Nós estamos seguros em uma livraria com as janelas cobertas. Tem por volta de 20 clientes conosco que estão sentados aqui por quatro horas ligando para suas casas. Eu não vi nada além de carros de polícia passando e as pessoas saindo tropeçando dos bares do centro de Paris, que claramente não têm ideia do que está acontecendo. Estamos nos revezando para ligar para conhecidos e receber notícias. Estamos conversando ente nós de que parece que isso tudo faz parte de algo maior, que estamos sendo atacados sem sentido. A sensação é de que é muito próximo, porque Paris é tão pequena e os ataques são na cidade inteira. Tem sirenes constantes e indo em todas as direções. As luzes da Catedral de Notre Dame foram desligadas, o que nunca acontece essa hora da noite.
Esse caso extremo demonstra mais uma vez como locais de leitura podem oferecer um alento às pessoas em momentos difíceis e que cumprir funções além daquela de dar acesso aos livros.

Para conhecer a história dessa livrara histórica que já abrigou diversos escritores famosos entre suas paredes recheadas de livros, e que foi criada com a mentalidade de que todos merecem o acesso à cultura na lema de seu criador George Whitman "dê o que você puder e pegue o que precisar" indicamos a leitura de Um livro por dia do autor Jeremy Mercer.

Texto: Daniele Carneiro
Fotos: Mike PeelAlexandre Duret-LutzChristine Zenino
Via The Guardian

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