Bibliotecas do Brasil: minibiblioteca

Tardis de Doctor Who vira minibiblioteca livre em vizinhança de Detroit

Photo: Facebook Tardis Detroit

Uma réplica da Tardis da série Doctor Who foi instalada na cidade de Detroit, em Michigan nos Estados Unidos. A biblioteca é uma réplica em tamanho real da famosa máquina de tempo da série britânica de ficção científica que é produzida e transmitida pela BBC desde 1963. O criador da minibiblioteca Tardis, Dan Zemke disse que queria fazer algo com o lote vazio do outro lado da rua de sua casa em Detroit, e decidiu construir uma biblioteca livre que combinasse duas de suas paixões: o programa de televisão da BBC e a leitura. Ele também queria montar a biblioteca e realizar um projeto de incentivo à leitura que a comunidade pudesse colaborar e se engajar efetivamente. Você pode ler a matéria sobre a inspiração para o projeto e como deu-se sua construção na matéria do The Verge (em inglês), ou acessar a página da minibiblioteca no Facebook e ver as fotos.

O criador do projeto, Dan Zemke juntou suas duas paixões em uma minibiblioteca livre: a leitura e a série Doctor Who. Photo by Dan Zemke

A minibiblioteca Tardis de Detroit faz parte do projeto Little Free Library, uma organização sem fins lucrativos que inspira um amor pela leitura, constrói comunidade e espalha criatividade promovendo trocas de livros entre a vizinhança em todo o mundo. Através das Little Free Libraries, milhões de livros são trocados anualmente, aumentando profundamente o acesso a livros para leitores de todas as idades e origens. Conheça o site da Little Free Library.

Nós já mostramos no blog Bibliotecas do Brasil a Little Free Library da Equality House, minibiblioteca que ajuda a combater o ódio e a homofobia, e que já foi inclusive tema de um capítulo aprofundado sobre projetos de incentivo à leitura que fortalecem a população LGBTQ no livro Bibliotecas Mudam o Mundo da Magnolia Cartonera.

Photo by Frank Nemecek

O lema da Little Free Library é "Pegue um livro ou deixe um livro" e o projeto tem inspirado a partilha de livros por todo o mundo.

Photo by Wambui Wainaina

A minibiblioteca livre Tardis de Detroit funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, com livros disponíveis para quem quiser utilizá-la, inclusive à noite como mostra a foto. Assista o vídeo que mostra como foi a instalação da minibiblioteca livre Tardis de Detroit.

Conheça algumas minibibliotecas livres no Brasil

Minibiblioteca do Sossego instalada pelo blog Bibliotecas do Brasil no Parque Gomm em Curitiba
Biblioteca Livros Livres de Novo Hamburgo/RS
Minibibliotecas Livres de Araucária
Minibiblioteca Cabine da Leitura de Portugal
Livro Ideias para Bibliotecas Livres - Um Manual Prático de Autogestão Independente
Navegue pela tag minibibliotecas e leia todas as matérias já publicadas pelo blog Bibliotecas do Brasil sobre os projetos que já mostramos

Texto e tradução: Daniele Carneiro - Bibliotecas do Brasil

Fotos: Facebook Tardis, Dan Zemke e Frank Nemecek

Vídeo: WXYZ-TV Detroit | Channel 7

Arte: Juliano Rocha

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de por Daniele Carneiro

biblioteca livre

Projeto 'Piracaia na Leitura' inaugura 7ª minibiblioteca livre

O projeto Piracaia na Leitura promoveu a inauguração da minibiblioteca no ponto de ônibus do bairro do Pião, hoje, 14/03/2016. O bairro fica numa área rural de Piracaia distante 22 km do Centro. O projeto é uma iniciativa de Amanda Leal de Oliveira e de seu esposo Marco Maida, atua desde 2014 e já fez a implantação de 7 minibibliotecas nos pontos de ônibus na cidade.

Leia a matéria que publicamos sobre o projeto: Piracaia na Leitura espalha minibibliotecas no interior de São Paulo

Essa minibiblioteca foi gentilmente pintada por Paulo Souza, o 'Paulo Banana' que é um artista piracaiense. A inauguração contou com a presença das alunas e alunos, professoras e professores da Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Rural Eurides Badari, e pessoas da comunidade que serão diretamente beneficiadas com a presença da minibiblioteca. Segundo Amanda, 'o ponto de ônibus onde foi montada a minibiblioteca fica bem próximo da escola, numa praça linda, rodeada de casas'.

As professoras e professores da escola abraçaram a biblioteca e vão ajudar a cuidar, e as alunas e alunos do 5º ano vão ser responsáveis pelo acervo, coleta e sugestões de títulos de livros e demais cuidados com a minibiblioteca de forma colaborativa.

Confira o álbum de fotos da inauguração e acompanhe o projeto através do Facebook.

Gostou? Quer aprender como montar a sua própria minibiblioteca livre? Conheça o livro 'Ideias para Bibliotecas Livres' do blog Bibliotecas do Brasil

Se você precisa de ideias instigantes para o seu projeto de incentivo à leitura, o livro 'Ideias para Bibliotecas Livres' é o livro ideal para você. Ele irá te ajudar a compreender e realizar cada uma das etapas de montagem de uma biblioteca livre, e planejar ações de incentivo à leitura e partilha de livros com dicas especiais. O livro funciona como um manual prático, e foi baseado em nossas experiências na montagem de bibliotecas livres e bibliotecas comunitárias. Nós vamos partilhar com você como transformar sua vontade de montar uma biblioteca livre em realidade, com dicas, sugestões e ferramentas bastante simples que abrangem desde a escolha de um local, dos livros para disponibilizar nas biblioteca, como fazer campanhas de arrecadação e como envolver as pessoas no seu projeto.

A partilha de livros através de bibliotecas livres, de ações, iniciativas e projetos de incentivo à leitura têm se popularizado no mundo todo, e no Brasil não é diferente. As bibliotecas livres têm ganhado força em todo o território nacional, através das mãos e das iniciativas de pessoas que têm o prazer de partilhar livros, democratizar a cultura, e torná-los acessíveis a quem de outra forma, não teria como entrar em contato com eles. Com a ajuda de materiais recicláveis e reutilizáveis, e o engajamento das comunidades leitoras, manter uma biblioteca livre comunitária é um projeto bastante apaixonante, divertido e de estímulo à leitura e à circulação de livros. E no livro 'Ideias para Bibliotecas Livres' você encontrará exemplos de histórias, dicas, sugestões, ideias e ferramentas para tirar o seu projeto de biblioteca livre do papel, e começá-lo agora mesmo.

Compre o livro Ideias para Bibliotecas Livres em nossa loja online

Matéria: Daniele Carneiro - Bibliotecas do Brasil

Fotos Piracaia na Leitura: Felipe Stein

Fotos Ideias para Bibliotecas Livres - Daniele Carneiro

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de por Daniele Carneiro

biblioteca livre

Biblioteca Livros Livres - a minibiblioteca de Novo Hamburgo/RS

A Biblioteca Livros Livres será inaugurada na terça-feira dia 15/03/2016, junto com o início da Feira do Livro da Biblioteca Fábrica do Saber de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul. A minibiblioteca tem o formato de uma charmosa casinha, e será a fonte de livros livres da região.

Idealizada pela escritora e contadora de histórias Milene Barazzetti Machado, a minibiblioteca foi construída por Bruno Marques, pintada por Marlon Costa, e teve ajuda na montagem de Paulo Tamiozzo e do aluno João Gabriel.

A Biblioteca Livros Livres é mais uma para a coleção de minibliotecas do Brasil criadas por pessoas que acreditam no incentivo à leitura, na partilha de livros e na colaboração junto à comunidade.

A minibiblioteca foi feita com madeira reciclada e será o novo ponto de partilha de livros de literatura na cidade de Novo Hamburgo. A Milene contou ao blog Bibliotecas do Brasil: 'Antes tínhamos uma caixa de madeira que ficava do lado de fora com os livros. O aspecto estético me incomodava e pedi para um colega, o Bruno, se ele faria uma casinha para servir de minibiblioteca. Ele topou fazer nas férias. Mesmo no ano passado na caixa, os livros faziam sucesso e muitas vezes retornavam, já que cada livro vai com uma etiqueta pedindo para repassar o após lido'.

O telhado foi todo pintado com livros para inspirar e receber as leitoras e leitores da Biblioteca Livros Livres. 'Como recebemos bastante doações podemos realizar mais piqueniques literários e disponibilizar mais livros livres na minibiblioteca'.

A Milene também nos falou sobre a ideia genial de montar uma minibiblioteca no portão de entrada da Biblioteca Fábrica do Saber: 'Acredito que as pessoas que pegarem livros na minibiblioteca irão acabar entrando na biblioteca, como já aconteceu hoje, o que me deixou muito feliz. Não vejo de forma alguma como concorrência. É um complemento, um plus a mais, um chamamento'.

O endereço da Biblioteca Fábrica do Saber para quem quiser visitar pessoalmente a Biblioteca Livros Livres é o seguinte: Rua Tupiniquins, nº 40, bairro Ideal, Novo Hamburgo/RS. A Fábrica do saber fica ao lado da EMEF Nilo Peçanha. O horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 7h30 às 11h30 e das 13h15 às 17h15. Fone: (51) 3035-2501 - E-mail: smedfabricadosaber@novohamburgo.rs.gov.br

Acompanhe a programação da biblioteca pelo Facebook.
Fotos: Biblioteca Fábrica do Saber

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de por Daniele Carneiro

amor

Como uma minibiblioteca pode combater o ódio

Little Free Library da Equality House (Foto: stone butch disco dance)

A Equality House é um projeto da Planting Peace, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que serve como um símbolo de paz e mudança positiva para a comunidade LGBTQ. A Planting Peace também patrocina casas subterrâneas seguras em toda Uganda, a fim para oferecer segurança e proteção à comunidade LGBT.
O objetivo da Equality House é fazer a luta pela igualdade chegar a todos os cantos do mundo. O centro de recursos, baseado em Topeka no estado do Kansas, nos Estados Unidos é uma casa pintada nas cores da bandeira do orgulho gay, e está localizada em frente a Westboro Baptist Church - uma igreja fundamentalista que tem ideologia extrema e propaga a intolerância e o ódio contra pessoas LGBTQ.
A igreja é amplamente conhecida por promover piquetes vergonhosos em frente de funerais de soldados, de pessoas conhecidas (como Michael Jackson e mais recentemente ameaçaram fazer piquete em frente ao funeral do ator Robin Williams), e vítimas de grandes tragédias por todo os Estados Unidos, como o funeral das crianças que foram assassinadas em um tiroteio em Sandy Hook.
A Equality House foi construída em frente à Westboro Baptist Church, igreja que prega a homofobia, para ficar como um lembrete visual do compromisso, como cidadãos globais, para esta missão, e neutralizar as ações da Westboro com mensagens de paz e arrecadar recursos para a causa LGBTQ e muitas outras que necessitam de apoio.

Little Free Library da Equality House, pintadas nas cores do orgulho LGBTQ e enfeitada para o Halloween

Quando a Westboro Baptist Church anunciou que estava protestando contra o funeral de Robin Williams, os idealizadores da Equality House compreenderam que fazer uma arrecadação de fundos para uma instituição de caridade que Robin amava, naquele momento, seria a maneira perfeita de honrá-lo e neutralizar a mensagem de ódio e intolerância que o Westboro Baptist Church continua a transmitir.

A cada hora pelo menos 50 adolescentes tentam o suicídio nos Estados Unidos, principalmente devido as mensagens que eles recebem o tempo todo afirmando que eles tem menos valor que as demais pessoas. 71% dos estudantes relatam incidentes de bullying como sendo um problema em suas escolas. Estima-se que 160.000 crianças faltam às aulas todos os dias devido ao medo de ataques ou intimidações por outros estudantes. 9 em cada 10 adolescentes LGBT relataram que foram intimidados na escola no ano passado por causa de sua orientação sexual.

A Planting Peace é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2004 com a missão de espalhar o amor e a igualdade em todo o mundo. O grupo criou a Equality House, que situa-se bem em frente à sede da Westboro Baptist Church em Topeka. Vários eventos são realizados na Equality House, pessoas de todo o mundo viajam para realizar suas cerimônias de noivado e casamento no gramado dela, além de promover encontros e venda de limonadas para manter viva a mensagem de paz e tolerância, e levar a luta pelos direitos LGBT por todo o mundo.

Do outro lado da rua fica a Westboro Baptist Church, igreja extremista que propaga todo o tipo de ódio, intolerância além de reforçar preconceitos.

Biblioteca Livre - Little Free Library

As ONGs Women Empowerment, Inc. e The Unitarian Universalist Fellowship of Topeka auxiliaram os moradores da comunidade a construir, pintar e instalar uma Little Free Library, projeto que espalha a ideia de construir casinhas que são bibliotecas livres, no gramado da Equality House para promover a alfabetização e o gosto pela leitura através da troca de livros gratuitos em todo o mundo.

O objetivo é criar um sentimento de comunidade e compartilhar talento, criatividade e sabedoria pessoais das mais variadas pessoas que escolheram por ajudar a construir um projeto tão bacana. Essa união de ideias e talentos sempre é o pontapé inicial de todas as minibibliotecas, que surgem e permanecem em funcionamento pelas ações anônimas de milhares de pessoas que doam livros, auxiliam na manutenção e emprestam aquele livro que pode mudar suas vidas.

Gostou? Temos mais ideias para você sobre Diversidade LGBT nas bibliotecas no livro Bibliotecas Mudam o Mundo

O capítulo de abertura do livro Bibliotecas Mudam o Mundo tem textos sobre a necessidade cada vez mais presente de programações voltadas para o público LGBTQ nas bibliotecas. Trazemos exemplos de como algumas bibliotecas já estão se transformando e transformando a realidade de suas comunidades para incluir programações voltadas ao público LGBTQ. Mostramos como esses espaços de leitura podem ser locais seguros, de aceitação, tolerância e combate ao ódio para jovens e adolescentes gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e queers. No livro Guia Prático para Bibliotecas Comunitárias nós também falamos sobre o atendimento voltado para a comunidade leitora LGBTQ por bibliotecas. Conheça os livros em nossa loja online.

Créditos das fotos: Tumblr Stone Butch Discodance

Fotos: Facebook da Equality House

Texto: Daniele Carneiro e Juliano Rocha com informações do Facebook da Planting Peace e Equality House e do site: http://www.equalityhouse.org/

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de por Daniele Carneiro

biblioteca livre

Piracaia na Leitura espalha minibibliotecas no interior de São Paulo

Duas minibibliotecas em formato de casinhas foram montadas na cidade de Piracaia, no interior de São Paulo. A primeira minibiblioteca fica na Av. Doutor Cândido Rodrigues, no ponto de ônibus em frente ao Posto de Saúde e à Cadeia Pública de Piracaia. A segunda fica na Rodovia Jan Antonin Bata, na rotatória de entrada e saída da cidade. Livros livres ficam à disposição dos leitores dentro de cada uma delas.

O projeto Piracaia na Leitura começou oficialmente com a inauguração da primeira casinha de livros no ponto de ônibus do Posto de Saúde da cidade no dia 16 de junho de 2014. Mas para Amanda Leal de Oliveira e seu esposo Marco Maida, coordenadores do projeto, o Piracaia na Leitura começou muito antes. Amanda contou ao blog Bibliotecas do Brasil como tudo começou:

"Eu e meu marido nos mudamos para Piracaia há um ano e desde antes de firmarmos residência aqui, identificamos na cidade os pontos de ônibus com espaços bem cuidados e bonitos, eles são cobertos com telhas, possuem colunas de madeira, muros de pedra e uma primavera plantada ao lado. O Marco, meu marido, que gosta muito de plantas, pensou em apresentar um projeto para a prefeitura de cuidado com as plantas dos pontos de ônibus, pois algumas dessas primaveras estavam crescendo muito tortas ou até mesmo morrendo. Sua ideia era a de envolver os idosos e/ou jovens da cidade que gostassem de jardinagem para cuidarem do paisagismo do entorno dos pontos de ônibus".

Amanda, que trabalha com mediação de leitura e bibliotecas comunitárias há mais de 15 anos, contou ao blog Bibliotecas do Brasil que pensou em acrescentar ao projeto uma casinha de livros, ampliando o acesso à leitura para a população que usa o transporte público. Ela e Marco apresentaram a ideia para a Secretária do Meio Ambiente de Piracaia e para a Secretária de Cultura, que apoiaram a iniciativa e levaram o casal até a prefeita, que aceitou fazer as primeiras casinhas de livros. Em janeiro de 2014, o casal começou a espalhar a notícia sobre o projeto e a arrecadar livros entre os amigos e conhecidos. Foram arrecadados mais de 500 livros em poucos meses. A Fundação Itaú Social - Programa Itaú Criança doou 300 livros infantis e juvenis. A prefeitura cedeu uma sala para que eles pudessem receber e organizar os livros.

Amanda Leal de Oliveira e seu marido Marco Maida

Amanda nos contou mais sobre a iniciativa: "Fizemos um levantamento de cinco sugestões de nome para o projeto e todos os alunos da rede municipal e particular de Piracaia participaram de uma eleição que escolheu Piracaia Na Leitura. A equipe de marcenaria municipal entregou a primeira casinha, feita artesanalmente com sobras de madeira, e nós, em companhia de um amigo marceneiro, lixamos, pintamos e instalamos em um ponto de ônibus bem movimentado da cidade, em frente ao posto de saúde, à cadeia pública e próximo de uma escola municipal".

Livros livres e colaboração coletiva

As duas minibibliotecas montadas pelo projeto são dedicadas totalmente ao empréstimo livre. Há uma apresentação e explicação visual do projeto em cada uma das minibibliotecas com as orientações de utilização. Em cada livro há um carimbo que diz o seguinte: Piracaia na Leitura - pegue, caia na leitura, devolva. E há também um texto dizendo que os livros pertencem ao acervo do projeto, que podem ser emprestados e depois devolvidos em qualquer ponto de ônibus onde haja a minibiblioteca da iniciativa. Três novas minibibliotecas estão sendo feitas por iniciativa de moradores de dois bairros de Piracaia.

Amanda Leal contou que o objetivo do Piracaia na Leitura é ampliar o acesso à diversidade da leitura e promover a apropriação da cultura escrita: "Gostamos de uma frase do professor francês Daniel Pennac - Como Um Romance, Editora Rocco, que diz que não somos obrigados a gostar da leitura, podemos excluí-la de nossas preferências, mas o que não podemos é ser excluídos por ela. Então, inicialmente, nossa ideia é apresentar a diversidade da escrita - temos histórias em quadrinhos, romance, crônicas, receitas, dicas de saúde, etc. O leitor pode gostar de uma coisa e não gostar de outra e acreditamos ser importante, portanto, que ele possa conhecer a diversidade para se descobrir leitor".

A primeira leitora da minibiblioteca livre que fica no ponto de ônibus Santo Antônio

As pessoas estão ajudando a manter a casinha e os livros arrumados dentro dela. Todas as manhãs Amanda e Marco passam na minibiblioteca para tirar as propagandas e panfletos que eventualmente alguém deixa por lá. Repetindo a visita à noite, eles verificam se ela está fechada, para que os livros não peguem vento ou chuva. Montar bibliotecas livres é uma ação de amor, portanto esses pequenos cuidados com ela vêm naturalmente por parte de quem criou e por quem empresta seus livros livres.

Amanda explica: "se o problema da falta de acesso é uma realidade e precisamos enfrentá-la, temos em nossa história uma questão que é muito importante, uma trajetória com a leitura de muita dificuldade e restrição, tornando nossa relação com a escrita marcada por muita obrigatoriedade, subordinação ao livro e à cultura escrita. Gostamos dos estudos de outro professor, Edmir Perrotti (ECA-USP) que associa a nossa relação atual com a leitura com a colonização: há 500 anos os portugueses chegaram e nos trouxeram a cultura escrita - desse modo como a concebemos - e disseram aos indígenas: 'esqueçam tudo o que vocês sabem, a verdadeira cultura está nestes livros'. E se repararmos bem, vemos que até hoje carregamos um pouco as marcas dessa história, a cultura escrita se coloca - e é colocada - de forma superior às outras manifestações culturais. Isso inibe e afasta as pessoas da leitura".

Inauguração da segunda minibiblioteca do projeto Piracaia na Leitura

"Nosso objetivo com este projeto é também desmistificar a escrita, no sentido de colocá-la em relação horizontal com as pessoas, tal como afirmava Paulo Freire: leitura e mundo integrados, leituramundo. O que você gosta de ler? O que você quer ler? Como quer ler? Onde? Quando? São questões bem pessoais e que cabe ao leitor escolher. Os livros nos pontos de ônibus permitem que cada um escolha e possa construir uma relação mais pessoal com a escrita. O fato de não ter ninguém cobrando nem a leitura e nem a devolução dos livros, pode favorecer e fortalecer uma relação de mais autonomia.

Então, nossa ideia é também reconstruir nossa relação com a escrita, criando situações mais prazerosas e livres. "

Recepção por parte dos leitores e união através dos livros

Segundo Amanda, a recepção dos leitores foi excelente. Havia o medo por parte de algumas pessoas de que houvesse depredação da casinha e de que os livros não fossem devolvidos, mas nada disso ocorreu. As pessoas têm devolvido os livros e comentado o que estão lendo no Facebook e pessoalmente também. As pessoas estão ajudando a manter a casinha e os livros arrumados dentro dela.

"Temos proposto ações de mediação, lendo e indicando livros no ponto e fazendo roda de histórias em lugares da cidade. Como já disse outro professor, Pierre Bourdieu, 'a distância física não supera a distância cultural'. Os livros estão próximos e são gratuitos, mas, mesmo assim, tem muita gente que não se aproxima por causa de uma relação histórica e cultural com os livros. Claro que, por enquanto, com um mês de projeto, tem saído muito mais livros do que retornado. Mas acreditamos que isso seja normal. Nem todo mundo tem tempo de ler muito, depois, de passar de novo naquele ponto com o livro na bolsa. Então achamos normal que a maioria dos livros esteja circulando e não de volta na casinha. Estamos tranquilos com isso. As pessoas mais próximas comentam que só devolverão os livros que pegaram daqui há dois meses! É normal você ficar com o livro por um tempo, lendo aos poucos. Os livros infantis circulam mais. Eles entram e saem da casinha com maior frequência. E talvez alguns livros a gente não volte a ver mesmo, acho que faz parte também. Mas, além de ser a minoria, torcemos para que eles estejam sendo lidos, circulando entre outros leitores por aí", nos contou Amanda.

Na primeira roda de contação de histórias que o Piracaia na Leitura realizou no Parque Ecológico da cidade, mais de 40 pessoas compareceram ao evento.

Todo mundo quer participar

Uma escola municipal entrou em contato com o Piracaia na Leitura querendo dicas de livros para conversar sobre bullying. Outro projeto da cidade procurou livros sobre meio-ambiente. Muitas pessoas têm ido conhecer pessoalmente Amanda e Marco, querendo compartilhar o que leram, o que realizam nos bairros e nas escolas. Eles tem recebido convites para fazer roda de contação de histórias nos bairros, e as doações de livros também não param: "Cada vez mais gente querendo participar".

Doações de livros

O Piracaia na Leitura está recebendo doações de livros de literatura infantil, juvenil e adulta, gibis e revistas em quadrinhos, livros de receita e livros de referência (para pesquisa e informativos). A pessoa que se interessar em fazer uma doação pode entregar pessoalmente na sala do Piracaia na Leitura na prefeitura da cidade, ou enviar diretamente pelos Correios:

CX. POSTAL 118 - CEP: 12.970-000 Piracaia/SP.

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